História de Barra do Bugres

Fundação do município de Barra do Bugres

Barra do Bugres tem sua fundação ligada aos ciclos econômicos do estado no final do século XIX e começo do século XX, que iniciou-se com o ciclo da exploração vegetal, com os principais produtos a poaia, a borracha e o cedro.

Estes ciclos influenciaram na formação populacional do município de grande diversidade étnica, composta de descentes quilombolas, indígenas, migrantes do sul, sudeste e nordeste do país, além dos mato-grossenses tradicionais que investiram no município. Os ciclos foram também importantes para a evolução e expansão territorial do município.

Desbravamento do Município

O primeiro ciclo econômico, e também responsável pela formação do município, foi da poaia, conhecida também como ipecacuanha (Cephaelis ipecacuanha). Conforme Moraes, 2004, a partir do ano de 1878, Barra do Rio Bugres, como era chamada na época, começou a receber os primeiros moradores procedentes de Cuiabá, que vieram em busca do produto. A densidade populacional era muito baixa e os habitantes viviam em pequenos sítios, pelo interior de um grande território que ia além da Serra de Tapirapuã.

Barra do Rio Bugres era extensão de Cáceres e tinha dificuldades no crescimento de seu núcleo urbano, que por muitas décadas não passava de um aglomerado de casas de comerciantes nas proximidades do Rio Paraguai. (MORAES, 2004). Em 1938 o nome do povoado foi alterado para Barra do Bugres.

O transporte da poaia era feito por via fluvial, por meio do Rio Paraguai, chegando a Cáceres e, por conseguinte, aos portos marítimos brasileiros. Destaca-se, portanto, que no início do século XX o transporte fluvial vivenciou um intenso desenvolvimento. Neste período é que se formou o povoamento de Barra do Bugres, ligado à expansão também de Cáceres. (PLANO LOCAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL, 2009).

Um fato importante relatado por Jovino Ramos, 2007, e, contado pelos antigos moradores da cidade, é: em 1926, “os revoltosos da Coluna Prestes”, sob comando de Siqueira Campos, invadiram a cidade e “pelo menos quinze homens perderam a vida em batalha as margens do Rio Paraguai, tentando defender a cidade”, contudo, não conseguiram e a vila foi saqueada e incendiada. (RAMOS, 1998; 2002; 2003; 2007).

A intensa procura da poaia transformou em pouco tempo o vilarejo em um adensado urbano, sempre acrescido por novos forasteiros, que buscavam fixação.

Em 29 de julho de 1927, o Decreto n°. 771, determinava que fosse reservada uma área de terras para patrimônio da povoação.

Em 1940, o Decreto n°. 348, criou a Coletoria de Rendas Estaduais no distrito de Barra do Bugres, e em 3 de dezembro de 1943, o Decreto n°. 545, criou o município de Barra do Bugres e seu território desmembrado dos municípios de Diamantino, Cáceres e Rosário Oeste. O novo município foi instalado em 19 de abril de 1944 coroado a êxito os esforços barrabugrenses, tendo sido nomeado para ocupar a Prefeitura Municipal, o professor Alfredo José da Silva.

Jovino Ramos (2007) relata que, por causa da poaia eram realizadas festas religiosas, como a do Senhor Divino (Espírito Santo) e de Santa Cruz. Uma cavalaria, com vestimentas típicas, passava de casa em casa. Os festejos passaram a ser tradição até os dias atuais. (RAMOS, 2003, 2007).

Nos anos de 1960 e 1970, como outras das cidades matogrossense, o crescimento da população de Barra do Bugres foi intenso, em conseqüência da estratégia do governo federal para ocupação do território do norte brasileiro. Acelerando o processo da expansão da zona urbana área urbanizada começou a se espalhar horizontalmente tanto na direção leste como na oeste da cidade, segundo um traçado urbano regular. (BERNARDINO, 2006). O antigo centro da cidade permaneceu retratando o início da colonização do município, se diferenciando arquitetonicamente do restante da cidade.

Um elemento estruturador, propulsor e referencial essencial do município foi a rodovia estadual MT 246, que ligou Barra do Bugres a Cuiabá e a outros municípios do noroeste do estado. Esta asfaltada em 1982 (RAMOS, 2007). Assim como a MT, a implantação da ponte de concreto sobre o Rio Paraguai em 1976, ampliou a potencialidade econômica do município, e conseqüentemente sua paisagem urbana que se constituiu linearmente pela rodovia.

Como se pode observar, o entorno do Rio Paraguai foi testemunha do desenvolvimento econômico do município. Ao percorrer a MT 246 percebe-se esta evolução histórica do município. Após a entrada da cidade, sentido sul/norte (Cuiabá a Tangará da Serra), ainda observa-se a formação do primeiro traçado urbano.

Desenvolvimento do município à situação atual

Na década de 1980 o ciclo econômico foi transformado com a vinda de migrantes de Minas Gerais, São Paulo e Ceará, que investiram na pecuária e na cultura da cana-de-açúcar, passando a ser o principal ramo da economia da época (EMPAER, 2008), bem como destaque na economia atual do município.

A industrialização da cana-de-açúcar mudou o panorama de Barra do Bugres, pois atraiu grande quantidade de mão-de-obra no período das colheitas. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MORAES, Cleonice Aparecida de. História e trajetórias: um estudo sobre o cotidiano dos poaeiros em Barra do Bugres (1930-1960). Dissertação